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  • Brasil, Poder | 08.12.2015 - 19h08

    A benção disfarçada

    Roberto Soares

    Não se deixe ludibriar pela aparente indignação da presidente da república com o acolhimento de seu pedido de impeachment por parte do presidente da Câmara. 

    Dilma pode vociferar o quanto quiser, simulando indignação, estupefação, contrariedade, mas no fundo no fundo, sabe que a pauta do impeachment não poderia ter vindo em melhor hora para ela e seu moribundo mandato.

    Com a imagem e a popularidade afundadas no lamaçal de corrupção, incompetência, inaptidão e incapacidade de convergir as forças políticas em torno de um mínimo de governabilidade, somente uma melhoria no cenário macroeconômico (sabidamente uma melhoria que não se poderia creditar aos méritos da governante de ocasião) teria o condão de tirar o seu segundo período da letargia que caracteriza as contagens regressivas pelo fim do governo.

    Desde prostitutos de ocasião como a “Dilma Bolada” das redes sociais (que no momento em que a mandatária mais necessitava de apoio lhe aplicou uma bela bolada nas costas) até aliados históricos, passando pelo próprio Lula, a ordem do dia era “descolar-se” da imagem decadente que Dilma vinha cultivando. Isolada, irritadiça, irascível, sem humildade para assumir seus erros mais escancarados, apenas o advento do fim de seu ciclo parecia salvar Dilma de ser demovida do posto.

    O momento em que Eduardo Cunha recebeu e deu andamento a um dos vários pedidos de impeachment foi o momento em que se acendeu uma luz no fim do túnel dilmista. Como o maná caído dos céus, uma pauta, uma mínima agenda positiva apareceu para munir de algum significado o mandato conquistado a duríssimas penas na eleição que rachou o país ao meio no ano passado.

    O raciocínio é bastante claro e linear: mal ou bem, Dilma estava estagnada havia algumas semanas, poupada das saraivadas da imprensa e dos adversários e “aliados” por uma série de fatores, sendo o principal deles o fogo cerrado sobre Cunha, que ostenta as piores credenciais possíveis para ser o protagonista que deu vazão ao processo de impedimento. Quando as filigranas políticas de Cunha começaram a rarear, ele habilmente jogou a cartada final, tentando criar o clima propício ao apocalipse político petista (formalmente, já que materialmente o PT estava em ruínas, nas piores companhias há no mínimo 12 anos).

    O deflagramento do processo de impeachment a esta altura e partindo da batuta do presidente da Câmara tem, em verdade, efeito oposto. É o que os americanos chamam de uma “blessing in disguise”, uma “benção sob disfarce”. Dilma pode exercitar sua especialidade, a vitimização, ao extremo. Contará com o apoio de experts e quetais para burilar uma defesa estrambólica, misto de acusação enviesada (desqualificando os acusadores antes de rebater seus argumentos) com auto de santificação (“tudo o que é feito pelos ‘pobres’ vale a pena”) e a baboseira usual de “conspiração das elites”. Dilma ganha, enfim, o leitmotiv de seu segundo mandato, a (suposta) manutenção da legalidade, institucionalidade etc.

    O processo de impeachment, pelo motivo em que surgiu é açodado e pelo momento em que veio é extemporâneo, intempestivo, para dizer o mínimo. Quanto mais tempo durar, mais incerto seu desfecho, mas as chances de Dilma seguem altíssimas no sentido de que manterá o cargo e ainda ganhará um pouco de gordura para queimar pelos próximos dois anos, que os analistas econômicos já advertem serem de prováveis retração e dificuldades no cenário econômico. 

    A desastrosa carta vazada de Michel Temer é o corolário de que, no cenário pré-apocalíptico desenhado pelos desafetos de Dilma, ao menos por enquanto, quanto pior, melhor. Sobretudo para a presidenta. 

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