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Pelotas | 10.03.2016 - 15h16
PT pelotense luta para não minguar
PT já não dirige mais Diretórios Centrais de Estudantes da UFPel e da UCPel e, de seus quatro vereadores eleitos, perdeu um para o Rede. Com a Lava Jato e a crise do País, a tendência é de que a sigla enfraqueça ainda mais em 2016
Última atualização: 16h31 de 10/03/2016Com as revelações da Lava Jato, as condenações do juiz Sérgio Moro, as crises econômica e política e a instabilidade social, o PT enfrenta o 'terror' de ver encolhido ainda mais o aparelhamento do Estado, perdendo mais espaços, incluindo cargos de confiança, os chamados ccs. Inclusive porque os demais partidos deverão resistir a coligar com o PT nas eleições de 2016.
O PT chegou à prefeitura só uma vez, na onda vermelha. Após a gestão de Fernando Marroni (2001 a 2004), petistas se realocaram em ccs no governo Tarso Genro. Com este derrotado em 2014, parte daqueles ccs foi absorvida pelo governo federal e pela União. Foi o caso de Marroni
Ao perder o cargo de deputado federal, após a volta à Câmara do titular, Pepe Vargas, o suplente Marroni não quis retornar à função de engenheiro eletricista na Universidade. Preferiu uma vaga no Senado, onde hoje é Assessor Jr. na Liderança do governo Dilma, a pedido do governo Dilma e com anuência de Renan Calheiros, do PMDB.
As vagas na máquina do Estado, porém, minguam progressivamente, sobretudo diante do risco real de impeachment de Dilma. Ainda que a presidente resista, a oferta de emprego a petistas deve cair ainda mais nas eleições de 2016, por causa do desgaste do partido.
PROPINA EM PELOTAS?
As provas levantadas pelos procuradores mostram que, em seu assalto ao Estado para se perpetuar no poder, o PT redistribuía dinheiro público convertido em propina para candidaturas em todos os estados.
Essas provas indicam que o dinheiro roubado chegou até candidatos petistas locais. Gerson Almada, vice-presidente da empreiteira Engevix, sentenciado por Moro a 19 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, confessou ter doado propina para a eleição de candidatos do PT em vários estados, incluindo região de Pelotas.
A PF apreendeu uma planilha com uma lista de candidatos petistas destinatários de verba desviada. Um dos registros do destino da propina é para “Miriam (Pelotas)”. O assunto ainda não foi esmiuçado, mas deverá sê-lo na eleição à prefeitura.
MENOS VEREADORES
A preocupação com o encolhimento do PT e dos cargos em 2016 inquieta representantes da sigla na cidade. Na eleição passada, o povo elegeu quatro vereadores do PT. Hoje são três, após Tenente Bruno migrar para o Rede. Restaram os vereadores Beto da Z3, Marcos Ferreira e Ivan Duarte.
O receio é de que a bancada encolha ainda mais, daí a começarem a surgir sinais de que o ex-prefeito Fernando Marroni possa vir a concorrer a vereador, com o objetivo de tentar fortalecer as possibilidades do partido no Legislativo local.
DCES SEM PT
O enfraquecimento do PT chegou até os Diretórios Centrais de Estudantes. Na UFPel, por exemplo, o DCE é comandado pelo PSDB. A última gestão do PT no DCE foi há mais de cinco anos. A última gestão de esquerda do DCE/UFPel foi em 2013, com o PSol.
O perfil dos eleitores jovens mudou. A juventude, que tradicionalmente votava massivamente na sigla de Lula, não o faz como antes. Os votos da garotada, tradicionalmente predisposta ao pensamento de esquerda, migraram para legendas como PSoL, o ainda indefinível Rede e até mesmo a partidos de centro, como o PSDB, antítese do PT.
MARRONI PARA VEREADOR
A preocupação em reagir se revela também no fato de que o PT pelotense trabalha com a possibilidade de que ex-prefeito Fernando Marroni concorra a vereador. Acreditam que Fernando poderá ter votação alta e assegurar uma bancada da sigla representativa, hoje reduzida a três vereadores.
Marroni candidato a vereador tem potencial imenso de ser um problema, sobretudo, para as pretensões de Ivan Duarte. Marroni faz sombra a Duarte porque ambos são da mesma faixa etária, disputam eleitorado semelhante e porque Marroni, que tem probabilidade quase certa de ser o mais votado no PT e na coligação, seria beneficiado com os votos da legenda.
Marroni tem cacife para tirar votos de Duarte, mad também dos demais candidatos. Os eleitores devem, por essa lógica, dar preferência ao voto no ex-prefeito, tornando incerta a relação dos candidatos de seu grupo que venham a ser eleitos além dele, Marroni.
Se Marroni concorrer a vereador e vencer, deixará de ser Assessor Júnior no Senado para ser Vereador Master em Pelotas.
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