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  • Pelotas | 21.02.2016 - 13h19

    Em artigo, assessor de prefeito defende 'homens públicos decentes'

    Texto, assinado pelo jornalista Sadi Sapper, assessor especial do Programa Boa Escola para Todos, da prefeitura, foi publicado neste sábado no jornal Diário Popular. Segue a transcrição.

    É DURA A VIDA DOS HOMENS PÚBLICOS DECENTES

    Sadi Sapper, jornalista

    Engana-se quem pensa que os homens públicos têm vida fácil. Falo, é claro, dos homens públicos decentes. Os outros, que talvez nem sejam dignos deste nome, desfrutam de vida mole e facilidades, por usarem as possibilidades e espaços que têm em proveito próprio ou dos familiares, ainda que seus discursos e práticas sejam antagônicos, o que quase sempre representa populismo e demagogia.

    Na sociedade da transparência e das novas tecnologias em que vivemos, tudo acaba ganhando sentido e está sujeito às mais mirabolantes interpretações: fazer ou não fazer, ir ou não ir, falar ou não falar, sorrir ou ficar sério... Os homens públicos decentes, aqueles que não jogam para a torcida e que fazem de suas consciências o seu mais expressivo patrimônio e que encontram na coerência entre discurso e prática a sua maior fortaleza, acabam sempre estando mais sujeitos à vigilância e ao patrulhamento. É como se parte da sociedade quisesse descobrir uma brecha capaz de macular a imagem construída a partir de valores como o trabalho, a coerência, a dedicação e a honestidade.

    Neste país da Lava-Jato, homens públicos decentes serão, cada vez mais, objeto da curiosidade maledicente, do voyeurismo eletrônico e de factóides interesseiros. Pior: há situações em que, qualquer que seja a conduta do homem público decente, haverá sempre espaço nas chamadas “franjas” (não estou falando da medida média da opinião pública, mais estável e consequente) para a crítica velada ou feroz. O que para alguns soará como positivo e elogiável, para outros será percebido como deplorável e passível de críticas.

    É dura a vida de tais homens públicos, principalmente se, por experiência, formação ou intuição, houverem optado por fugir da pura e simples ditadura de fazer apenas aquilo que os outros querem. Falar ou calar, ir ou não ir, sorrir ou chorar... pobres homens públicos decentes, sempre à mercê do juízo alheio, sempre vigiados, sempre sujeitos às pequenas e grandes injustiças, isso sem falar de “compartilhamentos” cínicos e hipócritas.

    É uma espécie de preço que sabem que terão de pagar pela opção que fizeram para não ser populistas ou demagogos, por terem compreendido que não será se despersonalizando que conseguirão realizar boas obras em favor do interesse coletivo. Creio que esse é um esforço que vale a pena ser feito. Afinal, a virtude existirá sempre. Hoje em dia, ao homem público decente, talvez já não baste apenas agir dentro do politicamente correto; é preciso buscar o culturalmente sensível e ter consigo o eticamente sustentável.

    Épocas houve, mesmo aqui em Pelotas, em que políticos se elegiam e se reelegiam indo a velórios, batizados, casamentos e aniversários, apertando a mão dos passantes do Café ou “fazendo” títulos de eleitor para os votantes. Hoje, o panorama mudou e alterou-se a interpretação sobre tais condutas. Um homem público decente que vá a um velório, por exemplo, corre o risco de ser tachado de oportunista e falso; se não for, irão chamá-lo de desligado, insensível, desamoroso, frio ou coisa pior. Pobres homens públicos decentes, que têm nas suas consciências e nos seus silêncios a última defesa daquilo que um dia Umberto Eco chamou de “aristocracia de espírito”.

    Massimo D’Alema, que por duas vezes foi primeiro-ministro da Itália, a partir do final dos anos 90, chegou a elaborar uma reflexão interessante sobre o valor do silêncio para os homens públicos. Cientistas políticos brasileiros e o próprio ex-presidente FHC, mais adiante, avançaram na reflexão e o que eles disseram e escreveram parece ter valor até hoje: o político, em geral, pode e deve falar; o homem de governo deve ser mais contido, falar apenas o necessário; ao homem de estado incumbe mais calar do que falar.

    Embora muitos possam não compreender, há também uma dignidade respeitosa no silêncio e isso se aplica a governadores, prefeitos, presidentes. Na verdade, acho que se aplica mesmo a cada um de nós, cidadãos comuns. No caso dos homens públicos, talvez o silêncio oportuno (não o oportunista) seja um divisor de águas entre o falastrão e o estadista. Saber silenciar (quando outros prefeririam a ribalta e o microfone) também é um desses desafios que quotidianamente tornam ainda mais espinhosa a vida dos homens públicos decentes".

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